quinta-feira, 18 de junho de 2009

Altas ondas e uma arraia solitária


Quando juntei minhas trouxas para morar em Floripa, há mais ou menos 1 ano e meio, mesmo com um bom emprego garantido (a convite de uma agência de propaganda), minhas grandes motivações eram apenas duas: a paixão pelo surf e trabalhar com algo ligado surf (esse ainda estou atrás). Lá no Sul, apesar da abundância de surfistas, o surf é de difícil acesso e sempre tínhamos que nos jogar para o Uruguai ou mesmo para Garopaba e Floripa em busca de boas ondas.

Mas outra razão também colocava minha adrenalina lá em cima: dividir o outside com caras que, além de ídolos, eu via quebrando nos vídeos e filmes. Era a chance de puxar a malandragem de um, o estilo de outro, e por aí vai.

Quando cheguei ao Rio Tavares, sabia que ali tinha ondas pesadas e malucos que quebravam. Logo descobri que um deles era o Binho Nunes. Então pensei, porra o Binho mora aqui, caralho, puta que pariu, vai toma no cú. Minha expectativa era grande de ver ele na água e não poderia ter sido em melhor situação.

Não lembro o dia exato, mas era dia de semana e a previsão marcava uma grande ondulação de Sul (Swell de Sul entra forte e cavernoso aqui). Como deveria ser lá por Outubro, escurecia bem tarde. E falando em tarde, eu quase não consegui trabalhar quando vi as fotos da Joaca quebrando 2 metros perfeito. A ansiedade já era minha companheira inseparável. Queria sair daquele aquário de gente, correr pra casa e me jogar nas morra. Foi o que fiz. Peguei minha 6,4´ e mais rápido que o Usain Bolt cheguei a praia. Só que para meu espanto, quando cruzei a trilha, me deparei com uma série monstruosa ao fundo, que quebrou um tubo insano, mas fechando. Era assustador. Tive medo. Procurei qualquer coisa na água e avistei uma alma solitária no Outside. Não pensei duas vezes e me joguei. Antes de tomar a primeira na cabeça, assisti de frente e de camarote, aquele maluco botar pra baixo numa direita, entubar fundo, dá uma acelerada e rodar junto com o lip. Nossa, quem é esse cara?. Até pensei em voltar, mas quem tá na chuva é pra se molhar. Varei a arrebentação, percebi que era o Binho, esperei uns 20 minutos pela onda certa, desci a morra e me fui.

Na areia, ainda o vi botar pra baixo em mais umas cinco ondas cabulosas e sair fora. Subimos juntos as dunas. Ele de cabeça feita pelo surf. E eu por ter dividido o Outside com um dos meus ídolos, em um dia que poucos se arriscaram.