quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Se o surf fosse só surf


E se o surf fosse só surf.
E não tivesse o pôr do sol, o nascer da lua, o canto das gaivotas, o pulo dos cardumes.
Se não sentíssemos a areia no pé, a lycra no corpo, a falta do ar.
E se o surf fosse só surf.
Sem a adrenalina da previsão, o frio da água gelada, a chegada no pico.
E se não existisse o vento pra atrapalhar, a chuva para abençoar, a série para varrer.
E se o surf fosse só surf.
E não vivêssemos o tesão de uma trip, de atolar o carro várias vezes, de entrar em roubadas, de rir de tudo isso.
E se não tivesse os clássicos, os dias sem onda, o crowd, a busca pelo secret.
E se o surf fosse só surf.
Sem o trabalho de passar parafina, do amor pela prancha, da dor pela perda.
Se não conhecêssemos Kelly Slater, Andy Irons, Eddie Aikau.
E se o surf fosse só surf.
Sem o café da manhã reforçado, o grito da galera com aquele aéreo, o delírio da menina com aquele aceno.
Se não existisse a Indonésia, o Hawaii, a Gold Coast.
E se o surf fosse só surf.
Sem a bancada afiada, o sangue pela glória, a companhia dos golfinhos.
E se o surf fosse só surf. Sem nada disso.

Você surfaria?