Escolha um lugar para morar. Paute sua vida. Crie uma rotina que lhe agrade, ou desagrade. Troque anos de trabalho por um carro, com sorte uma casa. Acorde com o barulho do despertador. Durma com a sensação do cansaço. Tenha filhos. Uma carreira. Uma boa reputação. Um bom nome. E viva a vida como 99% das pessoas vivem.
Se Alex lesse o que escrevi acima, abriria um largo sorriso, miraria o sol com seus olhos e usaria alguns dólares para fazer uma fogueira e queimá-los junto a essas míseras palavras. Eu aplaudiria.
Supertramp foi um grande pássaro que nasceu no ninho errado. Um sonhador. Um aventureiro. Buscou seus instintos mais primitivos para viver intensamente os poucos anos de sua vida. Procurou tanto pelas respostas, que acabou encontrando ainda mais perguntas.
Um jovem como poucos, de uma inteligência rara, de uma visão apurada. Encantou a todos com sua simplicidade. Foi verdadeiro até quando as palavras doíam, e se apoiava em seus mestres:
“Em vez de amor, fé, dinheiro, justiça, equidade, dê-me a verdade” - Henry Thoreau
Sem ambição nenhuma na vida, viveu uma grande história que, se não tivesse um fim trágico, não seria conhecida por ninguém, já que isso era o que eles menos buscava: fama
Agora eu me pergunto: o que isso tem a ver com nós, surfistas? Tudo. Só que em dimensões diferentes. Em contextos diferentes. Em situações diferentes.
Digo com certeza que existiu por aí grandes surfistas, que buscaram o mesmo que Alex, só talvez em vez das palavras e dos pensamentos, encontram isso no mar e nas ondas.
Onde quer que esteja, sua história é uma de minhas motivações. Valeu Cris, Alex ou como você mesmo se chamava: Supertramp.
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